quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

E quem somos nós nas redes sociais?



Então, cá estou, com minha cara lavada, décadas depois de ter sido convidada à participar do blog.
Eu poderia começar a desenrolar minha lista de desculpas e explicações, mas tenho certeza que vocês, caros leitores, estão pouco interessados nos meus motivos, então vamos logo ao que interessa.

Lembrando que tudo que eu escrever é de minha responsabilidade e não necessariamente reflete a opinião do gatíssimo Igor, começo com um assunto que anda entalado na garganta há muito tempo, apenas aguardando ouvintes (leitores servem também, claro) para comentar, debater e etc...

Há menos de três anos atrás estávamos todos (ou a maioria de nós) felizes da vida, com nosso Orkut lindo feat. divo, repleto de scraps (gente, há quanto tempo não usava essa palavra 'o') coloridos e purpurinados e nossos depoimentos kinda "O que falar dessa pessoinha que já mora no meu S2?" . Tudo numa vibe linda e maravilhosa até uma nova rede social, muito mais moderna, com uma proposta diferente e o maravilhoso ar underground que a maioria ama, cair diretamente no nosso colo...
Pulando a fase de adaptação "Ué, onde ficam os scraps e as comunidades?" e "Poxa, não consigo deixar um depoimento e nem ver quem visitou meu perfil!" , começamos a aprender a lidar, eu gostaria de dizer 'civilizadamente', com  a nova realidade virtual que se abriu aos nossos olhos. Tudo lindo, um paraíso com direito a céu azul e coro celestial de anjos...

Porém colega, o ser humano não contente em conviver pacificamente, começou a deturpar o objetivo inicial do site, que era, logicamente, socializar e manter contato com os amigos. Então surgiram tipos distintos de usuários, que até aquele momento só davam o ar da graça nos extintos fóruns perdidos nos confins do tio Google.

Mas se você não anda tão inteirado assim do assunto - ou se viveu em uma caverna nos últimos anos - a titia Ksis vai ajudar a identificar essas figuras cativantes (só que não) que fazem parte do nosso cotidiano facebookiano (rimou, vai vendo...).

- O Troll.

Esse ser gerado por uma chocadeira é aquele indivíduo que a-do-ra botar fogo no circo e assistir o picadeiro desabar enquanto assiste sentado, comendo pipoca e usando óculos 3D. É fácil identificar esse tipo, e eles aparecem nas mais diversas categorias.
Exemplo: Você, todo serelepe e saltitante posta uma foto que mostra o amor interracial, duas pessoas, uma negra e outra branca, em um abraço, demonstrando que não importa a cor da pele e blablabla tudo aquilo que já sabemos. Aí o que o Troll faz? Vai lá nos comentários e comenta algo como "Sabe porque as palmas das mãos dos negros são brancas? Porque Deus pintou eles de quatro. " E pronto, confusão formada.
O que a maioria das pessoas não entendem é que essa é a intenção do troll, fazer todo mundo brigar, descer do salto tentando atingi-lo de todas as formas. O negócio é que enquanto estamos lá, nos descabelando de raiva, o cretino está rindo como se não houvesse amanhã, feliz por ter trazido a discórdia à tona.

A forma mais simples de se livrar de um Troll? Não o alimente. O cara foi lá e fez uma piadinha escrota ou expôs abertamente (e se muita educação) uma opinião contrária? Simples, ignore. Com seu melhor ar blasé, fingindo que nem notou a presença dele. Logo, sem alguém pra se indignar, a graça se perde e o troll volta com o rabinho entre as pernas para o seu mundinho sem graça.

Próximo?

- O crentelho.

Não, eu não estou ofendendo você, caro amigo, que vai às igrejas todos os domingos (ou seja lá qual dia) e acredita na salvação e tudo o mais. Eu estou me referindo àquele "irmão" que faz questão de visitar páginas com conteúdo ateísta, e nas versões mais descaradas até mesmo o perfil pessoal da galera que não é muito chegada em religião, só pra pregar (leia-se enfiar a bíblia inteira goela abaixo) suas crenças mesmo sem ninguém ter perguntado nada.
Esse tipo de pessoa é aquela que não respeita os "pecadores", mas diz que ama todo mundo. Do tipo bipolar " Deus te ama, mas ele vai te queimar no inferno se não obedecer às suas leis e talz..."

Livrar-se de um desses? O mesmo que o Troll, dê um "Aleluia irmão" e nem dê continuidade ao papo. Começa com "Mas eu só quero salvar sua alma" e termina no "Reservei um versículo baphônyco pra você ler".

Não satisfeito? Temos mais alguns...

- A 'Att Whore' ou no velho e bom português "Vadia necessitada de atenção".

Essa tem duas vertentes, a que se finge de santa postando frases românticas no face "Ah, eu sonho com meu príncipe encantado", mas faz tudo por alguns segundos de fama, tem fotos com decotes superdiscretos (aqueles que chegam até o útero, tá ligado?), e tem também aquela vadia assumida (com estas eu simpatizo), aquela que não esconde que é vadia, e que se exploda o mundo. Basicamente ela nem é uma vadia, e sim alguém que usufrui sua sexualidade livremente, fora das amarras que a sociedade impõe e talz (Quase uma hippie moderninha, hum).

O que fazer? Bom, aí depende né colega. Eu particularmente não me incomodo muito, tenho em mente que todos deviam usar o corpo como bem entendem. Além disso, gente bem comida enche menos o saco ;D

Este próximo tem aos lotes...

- A criança-que-não-deveria-nem-ter-facebook.

São tantos tipos que eu até vou resumir:

- Posto 4:20 no face, mas fico tonto até com cheiro de esmalte.
- Olha como eu sou gay/lésbica, eu to beijando meu amigo(a), olha minha foto! XD (Gente, pelamor, não confundam com os homossexuais em geral, esses que eu to dizendo são aqueles que fazem isso por modinha, pra chocar o mundo, mas que se algum parente ver o facebook reza pra todos os santos e orixás pra mamãe não ficar sabendo).
- Mano V1d4 L0k4 aba reta, cone crew, polo, rap na veia! (Não sabe quem é Tupac e nunca nem ouviu falar de Ao Cubo).
- Aquele juvenil que comenta as fotos das meninas "Hurr durr gostosa herp derp me chupa", mas na real nem tem pentelhos ainda.
- As 'novinhas', que acabaram de usar o primeiro sutiã, mas já rebolam até o chão.

E por último (ah sim, tem muitos mais, mas não tô no clima...)

- O politicamente correto.

Esse cidadão é aquele que mostra sua indignação acerca de assuntos importantes, revolta-se com a política, reclama da copa tomar o dinheiro que seria da saúde, debate ferozmente sobre pena de morte...

...mas só na internet. São aqueles que não levantam a bunda do sofá pra plantar uma árvore, mas reclamam da extinção dos recursos naturais e são aqueles também que defendem a causa LGBT, mas quando vê alguém sendo discriminado, cala a boca e não defende - ou pior, se junta aos agressores.

Agora, com os indivíduos devidamente apresentados, vamos nos infiltrar na psique humana para entender qual é a nossa necessidade de conviver e fazer parte de todo esse cyberbullying.

Sente-se confortável em olhar para si próprio?

Tudo começa com algo chamado "Coragem de grupo" e "Incentivo do anonimato".
Vamos à uma situação hipotética.
Você, homofóbico, anda pelas ruas da paulista em uma bela manhã, quando avista um casal gay demonstrando todo seu amor em plena calçada. Qual sua reação? Bom, se você não for um completo babaca que se acha no direito de agredir alguém sem motivo, o máximo que você fará é seguir seu caminho, com sua expressão enojada e talz...
Agora, se alguém posta uma foto desse casal no facebook, qual sua reação?
Os dedos coçam e em menos de um minuto um "Viadinhos" foi jogado nos comentários. Taí o "Incentivo do anonimato". Sua cara pode até estar exposta em foto, mas pela internet você não corre o risco de levar uma bela bordoada na orelha se desrespeitar alguém. Certo, aí vem outro babaca e dá continuidade à isso, e mais outro e por aí vai. Pega aí sua "Coragem de grupo". Porque é muito fácil se aliar à quem pensa igual a você e se unir contra algo que jugam "inaceitável".

O negócio é que muita gente sente-se protegido atrás da internet. Se você não se chama Caroline Dieckman, provavelmente nunca irá conseguir punição, judicialmente falando, para um ato de homofobia, racismo, invasão de privacidade ou o que seja, se este foi praticado virtualmente.
Porque nas redes sociais nos tornamos mais corajosos e nos achamos no direito de julgar alguém, sem medo das consequencias?
No fundo somos nós mesmos ali, com uma dose de coragem (que na vida real eu digo que só a tequila proporciona) de expor nossa opinião, ou somos apenas "personagens", como crianças mal-educadas que migraram do orkut e ainda não aprenderam a conviver em bando sem entrar em conflito?

Deixo à vocês o espaço para este debate: Quem nos tornamos quando estamos atrás de um computador, muitas vezes mais conectados com uma rede social do que com as nossas próprias vidas?
Alguém tem a coragem e sinceridade de confessar que se já se encaixou ou se encaixa em algum estereótipo da internet?

Concluindo, vamos esperar pelo dia em que iremos encarar tudo com mais leveza, pacificamente e não tomando ao pé da letra cada postagem em nosso mural, já que isto nos soa como um espelho do nosso cotidiano real.
Só pra quem esqueceu, aqui fala Ksis,
não tão politicamente correta,
viciada em internet e redes sociais em geral,
ficwriter, mãe em tempo integral e blogger nas horas vagas.





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